Jesuíta brilhante, cosmopolita, diplomata do Reino de Portugal, conselheiro de reis, polemista, perseguido pelo Santo Ofício, o Padre Antônio Vieira (1608 1697) foi múltiplo, às vezes contraditório. Há consenso, entretanto, quanto à genialidade dos seus sermões, dos quais cerca de duzentos chegaram até os nossos dias. Estão reunidos neste livro o Sermão da Sexagésima, o Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda e o Sermão do bom ladrão. O primeiro, escolhido pelo próprio Vieira para abrir o volume de seus sermões compendiados, versa sobre a arte de pregar e de falar às multidões, além de apresentar a profissão de fé do pregador. O Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda, é talvez o texto mais conhecido de Vieira e certamente um dos mais impressionantes. Nele, o padre roga ao Deus católico que auxilie os portugueses contra os holandeses, que ameaçavam invadir a Bahia e o faz em um inaudito tom agressivo e belicoso que chega às raias da heresia. Em Sermão do bom ladrão, Vieira num lance profético que mostra o seu profundo entendimento sobre os problemas do Brasil ataca e critica aqueles que se valiam da máquina pública para enriquecer ilicitamente.