Em Canibais, David Coimbra revisita um episódio célebre do passado porto alegrense o caso do linguiceiro. Em meados do século 19, o açougueiro Ramos e sua mulher, Catarina, assassinaram dezenas de pessoas e utilizaram os cadáveres para fazer linguiça, transformando os habitantes de Porto Alegre em involuntários canibais. Coimbra criou Walter, um sapateiro de origem alemã que se apaixona pela bela e loira Catarina e acaba descobrindo todos os horrores que se passam na Rua do Arvoredo Emiliana, uma negrinha sofrida que, sem saber de nada, trabalha como empregada para o casal de comparsas Brasiliano, um boa praça, sempre pronto para um dedo de prosa e que, sem querer, vai se interpor entre seu amigo Walter e Catarina a Bronze, uma mulher liberal, amiga íntima de Brasiliano, que vai tentar alertá lo sobre os perigos que rondam o açougue. Esses e outros personagens dão vida e dinamicidade à narrativa, além de comporem um vívido retrato da Porto Alegre oitocentista, em processo de urbanização. Coimbra mostra, com muito suspense e humor que lhe é característica, os tipos que habitavam a cidade, os costumes dos bairros populares, a vida privada da Província de São Pedro, como era então chamado o Rio Grande do Sul.