De acordo com o Dr. J.J. Camargo, o que aproxima a literatura da medicina é o compartilhamento de um território comum em que ambas lidam com a condição humana, a dor, o desespero, a esperança e a morte. Para lidar com essa condição, o escritor e o médico dependem de um só instrumento, a palavra. Para o primeiro, um artifício para expressar sentimentos para o segundo, um mediador da relação entre o paciente, com seus dramas e tragédias, e o seu médico, treinado para ajudar a enfrentá las. Nestas crônicas, o Dr. J.J. Camargo referência internacional em cirurgia torácica e autor do primeiro transplante de pulmão da América Latina escuta seus pacientes e transpõe para o papel os ensinamentos que todos eles, seja em momentos de dor, de negação, de cura, lhe entregaram ao longo de todos esses anos de medicina. Não é exagero falar em momentos de revelação, que só a proximidade com a morte são capazes de produzir. Para além de um doente e de sua doença está um indivíduo enfrentando a talvez pior adversidade pela qual passará em sua vida. No fim das contas, é nesses momentos que se descobre que é preciso muito pouco para ser feliz.