Em 1927, um duelo teve lugar na cidade de Santa Maria. Já era noite quando o comerciante Pedro da Silva Beltrão passou em casa para pegar o sobretudo e não encontrou a esposa, Rosa, que teria saído para comprar aviamentos. Surpreso, viu que, na mesma direção, também descia a avenida o poeta e juiz distrital Francisco Ricardo, que andara dirigindo gracejos a Rosa, e decidiu segui lo. Mais à frente, viu Rosa e viu ainda que Francisco Ricardo a ultrapassava e depois dobrava à esquerda numa rua escura, seguido por ela. Pedro foi atrás e os surpreendeu conversando. Chocado, bradou um insulto ao juiz, já de revólver na mão. O poeta então sacou seu 38. Apenas Rosa sobreviveu.Este é o fim trágico de uma morte anunciada. Aos 33 anos, Francisco Ricardo já havia sido transferido duas vezes por se envolver com mulheres casadas. O escritor Sergio Faraco e o pesquisador Valter Antonio Noal Filho reconstituem essa tragédia em minúcias, contextualizando a vida do poeta desde o nascimento, em Porto Alegre, até o desventurado epílogo. O acontecimento, que estremeceu Santa Maria, o Rio Grande do Sul e teve repercussão na imprensa do centro do país, está fartamente fundamentado com a cobertura jornalística da época e com a transcrição de documentos oficiais.A segunda metade do volume é dedicada à produção poética de Francisco Ricardo. Como não poderia ser diferente, grande parte de sua escrita é dedicada ao amor romântico, ao concretizado e ao idealizado, e às saudades que sentiu de sua terra e de sua mãe quando foi estudar no Rio de Janeiro.