Em 26 de abril de 1986, uma explosão seguida de incêndio na usina nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia então parte da finada União Soviética , provocou uma catástrofe sem precedentes em toda a era nuclear uma quantidade imensa de partículas radioativas foi lançada na atmosfera da URSS e em boa parte da Europa. EM poucos dias, a cidade de Prípiat, fundada em 1970, teve que ser evacuada. PEssoas, animais e plantas, expostos à radiação liberada pelo vazamento da usina, padeceram imediatamente ou nas semanas seguintes. TÃo grave quanto o acontecimento foi a postura dos governantes e gestores soviéticos (que nem desconfiavam estar às vésperas da queda do regime, ocorrida poucos anos depois). ESquivavam se da verdade e expunham trabalhadores, cientistas e soldados à morte durante os serviços de reparo na usina. PEssoas comuns, que mantinham a fé no grande império comunista, recebiam poucas informações, numa luta inglória, em que pás eram usadas para combater o átomo. A Morte chegava em poucos dias. COm sorte, podia se ser sepultado como um patriota em jazigos lacrados. É Por meio das múltiplas vozes de viúvas, trabalhadores afetados, cientistas ainda debilitados pela experiência, soldados, gente do povo que Svetlana Aleksiévitch constrói esse livro arrebatador, a um só tempo, relato e testemunho de uma tragédia quase indizível. CEnas terríveis, acontecimentos dramáticos, episódios patéticos, tudo na história de Tchernóbil aparece com a força das melhores reportagens jornalísticas e a potência dos maiores romances literários. EIs uma obra prima do nosso tempo.