Resgate em Pamplona

Um vídeo postado no YouTube é a ponta do novelo para Miguel Zabalea resgatar pessoas e afetos do passado, especialmente aquela que esteve tão próxima e desapareceu sem deixar rastro nem razões, durante o revolto ano de 1968. Ao remexer naquela história, ele busca o que parecia faltar em sua narrativa de vida, e reinterpreta os afetos que ainda o incomodavam. Depois da estreia com Sala de Embarque, o autor agora nos traz Resgate em Pamplona, e comprova seu desenvolvimento pleno como escritor, com seus personagens ganhando mundo em diferentes cenários, do Distrito de Palmas, em Bagé, a Pamplona, na Espanha. A partir do narrador em primeira pessoa, Resgate em Pamplona mantém uma linguagem fluida e despojada que nos remete à prosa espontânea de John Fante, pela qual somos conduzidos a refletir sobre nossas histórias. Com auxílio da memória, podemos vivenciar novamente o que já foi vivenciado, permitindo resgatar os afetos não resolvidos, e, dentro do possível, dar um novo significado aos mesmos. Ao fecharmos o livro, ficamos sem saber o que é realidade e o que é ficção, afinal uma ou outra parecem a mesma coisa.